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Queijo do Rabaçal

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Fonte: Pombaljornal.pt Um destes dias fiz uma visita às terras de Sicó. Não me demorei por lá muito tempo, porque o tempo também não era de passeio. Todavia, houve oportunidade para olhar a paisagem, sentir a terra, provar alguns sabores num jantar rápido de regresso e, acima de tudo, viajar no tempo… Viagem que me levou inevitavelmente ao que a terra tem de mais tradicional – o queijo do Rabaçal. É claro que também por lá se come a chanfana, o cabrito, os enchidos, e nos últimos anos renasceram os chícharos, muito consumidos pelas classes populares em séculos passados.               Mas é o queijo que por agora me convoca. Não cresci com ele, mas com o sabor forte e intenso do queijo da Serra da Estrela, feito essencialmente do leite de ovelha, cujos rebanhos percorreram a minha meninice. Ainda hoje retenho na memória, e no olfacto, o cheiro e o sabor característicos do queijo curado; o sabor do queijo fresco; a poe...

O consumo de coelho ao longo dos séculos

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  Jovem lebre, Albrecht Dürer, 1502. O coelho é uma animal que, ao longo dos séculos, tem marcado presença nos diferentes livros de receitas, ou doméstico ou selvagem. Todavia, noutro tipo de documentação quase não damos por ele. No caso dos mosteiros, por exemplo, sabemos da existência da coelheira, das obras de conservação que aí iam sendo feitas, mas pouco da sua dimensão. Apenas numa descrição deliciosa do mosteiro de Alcobaça, que nos oferece António Maduro, se refere que, no século XVIII, aí existiam cerca de cinco a seis mil coelhos. Também está pouco presente nos foros recebidos dando-se sempre preferência aos galináceos. Nas casas particulares a sua presença é igualmente pouco notada. Em vária documentação já consultada sobre propriedades agrícolas no Norte do país, durante os séculos XVII e XVIII, apenas numa delas localizei a presença de «cortelhos que servem de gados, porcos e cuelhos». Iria Gonçalves, escrevendo sobre o Minho, diz-nos que era muito apreciado n...

Costeletas de capado à moda de Mangualde

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  Apesar de hoje a carne de porco, particularmente as febras e o entrecosto, constituir o elemento primordial dos pratos mais típicos de Mangualde, num passado não muito distante a realidade era bem diferente.   O Porco era, de facto, muito importante na alimentação quotidiana, aqui, como em todo o país. As chouriças, o presunto, a marrã, as morcelas, o toucinho e a banha faziam parte do quotidiano beirão.   As carnes guardavam-se religiosamente na salgadeira para no correr do ano se irem consumindo. As mais magras, do lombo e outra com alguma gordura, guardavam-se para as chouriças e para os torresmos, que se acondicionavam em banha e se guardavam em potes de barro. Os presuntos curavam-se no fumeiro. Na feira dos Santos, que abria a época oficial da matança do porco, poderia haver algum consumo de carne fresca, mas não com a abundância da atualidade. O consumo de febras era apanágio das classes mais ricas e de casas onde a carne abundava e onde se matava mais de um po...