Favas Contadas

Estamos no tempo das favas. Semearam-se no início do Outono, acarinharam-se ao longo do Inverno e, chega a Maio, tornam-se iguaria alimentar. Fazem parte da alimentação mediterrânica desde há milhares de anos. Os gregos deixaram receitas e o romano Apício apresenta-as no seu livro de cozinha. E por cá se mantiveram neste tão rico quadro alimentar dos países do sul a que hoje chamamos dieta mediterrânica. Secas ou verdes comem-se ao longo de todo ano, mas é na Primavera, acabadas de sair da horta, que se tornam rainhas. Não, não vão à mesa do rei. Ficam-se pelas mesas mais pobres. É que em tempos mais recuados, no final da Primavera, os recursos alimentares começavam a escassear, passados longos meses depois das colheitas. Já não havia cereal para fazer pão. Nos campos, com excepção das couves, também pouco alimento existia. A fome era uma ameaça. A cevada chegava em Maio mas o povo não gostava muito do pão feito com este cereal. Contudo, à falta de outro, lá o vai comendo...