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Alimentar o corpo, saciar a alma

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    Alimentar o corpo, saciar a alma é um convite a que nos sentemos à mesa com os monges e participemos das suas refeições; que espreitemos para dentro da cozinha e comamos com os olhos o sabor do pão fresco, da carne assada no espeto, do peixe frito em molho de escabeche ou das covilhetes acabadas de sair do forno; que participemos do afã de cozinheiros, forneiros, despenseiros, bichos e tantos outros ajudantes, que dia a dia vão amassando, esfolando, sovando.... (...) Mas é também um convite à observação de homens que comiam para alimentar o corpo, mas que não se podiam cingir apenas à sua condição humana porque lhes era imposto pela Regra o alimento constante da alma, numa purificação interior que os conduzisse, escada acima, às virtudes da fé, da esperança e da caridade. Este livro, para além de nos convidar a entrar na cozinha e no Refeitório do Mosteiro de Tibães, convida-nos, também, pelas mãos de Sara Claro, à leitura do manuscrito 142, existente no Arquivo Distrital de Braga,

Doce de abóbora porqueira

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Que Abóbora é esta? Hoje apetece-me fazer doce de abóbora. É que para além de ser utilizada para aveludar a sopa, esta variedade não serve para mais nada, a não ser para fazer doce e para… os porcos! Na Verdade era para os porcos que era cultivada, consociada com o milho e o feijão, nos lameiros mais fundos da região beirã. Quando, no final do Verão, se apanhava o feijão e cortava o milho os campos ficavam salpicados de abóboras bem amarelinhas, umas grandes outras mais pequenas, que depois se guardavam nas eiras e que, ao longo do Inverno, serviam para ir alimentando os porcos, juntando-se às couves e aos nabos que iam sendo apanhados diariamente nas hortas. Mais um pouco de farinha de milho, ou farelo, que sobrava do peneirar da farinha para o pão, tudo bem cozido numa panela de ferro e tínhamos uma boa refeição, a vianda , que ajudava a engordar o sevado, fonte de alimento anual para a maior parte das famílias beirãs. Estas abóboras tinham a particularidade, havendo terra e á

As castanhas ou o pão dos pobres

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Tratado árabe, século XI Chega o Outono e com ele chega também o fruto rei da época: a castanha. Fazem-se os tradicionais magustos, comem-se castanhas cozidas e assadas, durante uns tempos,  e, pelos fins de Novembro, torna se um fruto praticamente esquecido. Os vendedores de castanhas assadas são os únicos que ainda tentam resistir ao longo do Inverno. Nos últimos anos surgiram as castanhas congeladas que se consomem esporadicamente ao longo do ano. As regiões produtoras tentam também, através dos seus restaurantes, aliciar os turistas com novos pratos onde a castanha é a rainha, mas a moda ainda não pegou.   A castanha tornou-se, assim, num fruto sazonal sem grande importância alimentar.   A longa história do consumo de castanha        Todavia, nem sempre foi assim. Ao longo da história, a castanha foi importantíssima na alimentação dos portugueses e os castanheiros abundavam por todo o país. A imagem apresentada acima, retirada de um tratado árabe do século XI, demonstra bem

Castanha pilada

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A castanha seca, denominada popularmente por castanha pilada, era uma alimento quotidiano na população portuguesa do Antigo Regime. As castanhas eram secas na pilheira ao longo do Outono e, depois de bem duras, guardavam-se em sacos de pano. Para se consumirem, de tão duras que ficavam, tinham que se demolhar como os feijões. Este alimento, bastante energético, supria as carências de pão e tornava-se muito adequado à elaboração da sopa pois engrossava a água dando-lhe uma consistência caldosa. Era um alimento fundamental ao longo de todo o Inverno denominado por alguns historiadores como o “pão dos pobres”. No século XIX, com a popularização da batata, a castanha seca perde terreno e a sopa de castanha deixa de se consumir. Apenas no dia de Ramos permaneceu a tradição  do consumo desta sopa, porque se dizia que nesse dia não se devia comer hortaliça pelo facto de Nossa Senhora se esconder nas hortas. Eu pensava que esta tradição já estava perdida e que já não havia castanha