Castanha pilada


A castanha seca, denominada popularmente por castanha pilada, era uma alimento quotidiano na população portuguesa do Antigo Regime. As castanhas eram secas na pilheira ao longo do Outono e, depois de bem duras, guardavam-se em sacos de pano. Para se consumirem, de tão duras que ficavam, tinham que se demolhar como os feijões. Este alimento, bastante energético, supria as carências de pão e tornava-se muito adequado à elaboração da sopa pois engrossava a água dando-lhe uma consistência caldosa. Era um alimento fundamental ao longo de todo o Inverno denominado por alguns historiadores como o “pão dos pobres”. No século XIX, com a popularização da batata, a castanha seca perde terreno e a sopa de castanha deixa de se consumir. Apenas no dia de Ramos permaneceu a tradição  do consumo desta sopa, porque se dizia que nesse dia não se devia comer hortaliça pelo facto de Nossa Senhora se esconder nas hortas.


Eu pensava que esta tradição já estava perdida e que já não havia castanha seca. Mas há uns dias atrás localizei “castanha pilada” (exactamente esta expressão!) numa mercearia do Porto. O merceeiro disse-me que se vendia muito bem por altura da Páscoa. De tão curiosa que fiquei não resisti e comprei meio quilo. Não fiz a sopa de castanhas no dia de Ramos mas irei demolhá-la e cozinhá-la num outro prato qualquer, para me deliciar com uma das iguarias mais icónicas da história da alimentação portuguesa, hoje já quase esquecida!

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