Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta Pasteis dos Remédios

De regresso às «viúvas de Braga»

Imagem
            Há uns anos atrás confrontei-me com uns cientistas que queriam reconstituir os estados do tempo antes de existirem registos oficiais. Achavam eles que os documentos guardados nos arquivos lhes davam essa informação, certa e direitinha, de modo a ser incluída numa folha excel. Ainda hoje, não deixo de sorrir quando me lembro do momento em que perceberam que os historiadores não têm essas ditas fontes para reconstituirem a realidade passada. Normalmente trabalham com restos de séries documentais que apenas dão a conhecer fragmentos dessa mesma realidade. Às vezes pouco mais é do que um espreitar atento e reflexivo, que se vai consolidando à custa de novos documentos que vão surgindo e de, claro, interpretações e teorias que o tempo pode ou não confirmar. A história, às vezes, nunca está feita. E lá se foi a tabela excel!!   Doces feitos por freiras Vem isto a propósito do livro “Viúvas de Braga e outros doces do Convento dos Remédio...

Viúvas de Braga, sem filtros

Imagem
Consultando os dicionários sobre o significado da palavra “comer” concluímos, naturalmente, que é o acto ou efeito de ingerir alimentos. Todavia, também sabemos que significa destruição porque, na verdade, destruímos tudo o que ingerimos. Por essa razão a palavra foi entrando na gíria popular em diferentes contextos e com um significado metafórico. Comem-se os políticos uns aos outros, às vezes em sessões públicas; comem-se as equipas de futebol - até os comemos -, diz-se por aí. Comem-se jesuítas, no sentido claro da destruição da Ordem, comem-se “viúvas”… Vem tudo isto a propósito de um doce, denominado “viúvas”, saído do convento feminino dos Remédios, edificado no centro de Braga em meados do século XVI. Inicialmente apelidavam-se “pasteis dos Remédios”, depois, por volta de 1766, a sociedade bracarense passou a chamá-lo por “viúvas” ou “viuvinhas”. E assim continuou até ao século XX, mesmo depois da extinção do convento, nos finais do século XIX, agora a confeccionar-se nas paste...