Fogueiras de São João!



           Os santos são festejados sempre no dia da sua morte. Mas há um santo que se festeja no dia do seu nascimento - São João. Porquê ? É o que vamos ver a seguir.

Diz-nos São Lucas que a mãe de João Baptista, Santa Isabel, era idosa e nunca tinha engravidado. Todos a tinham como estéril. Mas o anjo Gabriel apareceu a Zacarias quando este prestava seu serviço de sacerdote no templo e anunciou que Isabel teria um filho e que este se deveria chamar João. Zacarias não acreditou e ficou mudo. Pouco tempo depois, Isabel engravidou como o Anjo havia dito.

Quando Maria, soube, pela anunciação do anjo, da gravidez de sua prima Isabel, partiu apressadamente, atravessando as montanhas, a fim de a visitar rejubilando com tão inesperada notícia. Depois da saudação entre ambas, Maria, cheia de alegria espiritual, começou a cantar o hino “Magnificat”, um hino de louvor que não é mais do que o resumo da história da salvação operada pelo poder de Deus. Ali permaneceu, durante três meses, até ao nascimento de São João.

Todos estes acontecimentos que vão da anunciação do anjo a Zacarias, da gravidez de Isabel, até ao nascimento de São João, são descritos por São Lucas como momentos de grande alegria, não só das pessoas envolvidas, mas, também dos vizinhos e parentes que, segundo o profeta, “sabendo que o Senhor manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela”. O próprio Zacarias recuperou a voz com o nascimento do filho.

Destas manifestações e de outras, ligadas à festa do solstício do Verão, oito dias antes, terão emergido quer a festa de São João, quer a festa da Visitação, celebrada “no dia seguinte, depois das oitavas de São João Bautista”, ou seja, a 2 de Julho.  A festa de São João foi fixada a 24 de Junho pelo facto de São Lucas referir que o seu nascimento se deu seis meses antes do nascimento de Jesus Cristo. Quanto à festa da visitação remonta à idade média e às práticas religiosas da Ordem de São Francisco. Mais tarde, em 1389, foi aprovada pelo papa Urbano VI que a estendeu a toda a igreja. Depois do Concílio Vaticano II passou a celebrar-se a 31 de Maio.

Ambas foram festas que adquiriram um grande caris popular, ao longo da Idade Média e por toda a Idade Moderna onde a música, a dança e o teatro sempre tiveram lugar. Na anunciação deste nascimento emergiram também as fogueiras, os foguetes e os balões, tão típicos no norte do país. Manifestações que têm na sua génese uma vontade de anunciar para bem longe a chegada do profeta e a alegria que as comunidades primitivas manifestaram por aquele nascimento milagroso.

Na região onde nasci e cresci também se celebrava o São João com bastante alegria e com fogueiras purificadoras de rosmaninho. Fogueiras à volta das quais a população se juntava e rejubilava. Fogueiras que se saltavam em actos de coragem e de alegria. Fogueiras que eram pontos de união da comunidade.

Uma tradição que se perdeu mas que valia a pena recuperar. Não só pelo significado religioso mas pela importância que estas manifestações populares tinham de reforço dos laços das comunidades.

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