Broa de milho
Sempre que vou à minha aldeia,
Pinheiro de Baixo, delicio-me com uma broa que compro a um padeiro ambulante
que por ali passa diariamente. Vem de Colherinhas, Aguiar da Beira, mais de 50
km percorridos todos os dias para nos trazer um pão delicioso e alguns doces
tradicionais.
Traz esta broa deliciosa! É feita com milho amarelo de uma variedade
tradicional. Cultivado na região e moido algures num moinho movido pelas águas
do rio Dão. A broa tem um sabor suave e
adocicado, a textura fofa e uniforme, quase parecendo um pedaço de bolo.
Ao pequeno almoço, lá pelas 11 horas da manhã, que é a hora a que chega o
padeiro, come-se uma broa inteira. Também não são muito grandes!
E foi esta pequena maravilha
gastronómica que me fez pensar nas broas que comemos por aí. Feitas com que
milho? Híbrido ou trangénico, muito provavelmente. Muito dificilmente o milho
das variedades regionais portuguesas, cultivadas durante séculos pelos nossos
agricultores, ainda hoje se cultivam. Foram sendo substituídas por variedades hibridas,
mais produtivas. Quanto ao trangénico, apesar de pouco significativo em
Portugal, basta pensarmos que produzimos apenas cerca de 30% dos cereais que
consumimos, por isso muitas das nossas broas regionais são feitas com milho
importado, sabe-se lá de onde.
Por exemplo aqui em Braga gosto
também de uma broa tradicional, cozida em forno de lenha, mas interrogo-me
muitas vezes sobre a origem do cereal.
Já uma vez ouvi uma conferência,
num congresso sobre produtos tradicionais, em que uma cientista, depois de
analisar um pedaço de broa tradicional, concluiu ser feita com milho trangénico!
Vale a pena pensar nisto.
Valem-nos estas maravilhas
gastronómicas que ainda sobrevivem no nosso Portugal profundo. Que bom que é ir
a Mangualde e comer um bom pedaço de broa verdadeiramente tradicional.
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