A Primavera é tempo de giestas!


Entre Março e Abril os montes da minha aldeia cobrem-se de giestas brancas floridas. São quase todas de cor branca, um belo manto branco que se espalha pelas estevas e pinhais. Existem giestas de outras cores, especialmente amarelas, mas por aqui o branco predomina.
Mas o que são as giestas? Para que servem?
Hoje não lhe ligamos importância nenhuma, mas este arbusto autoctone da nossa flora, que cresce selvagem pelos outeiros, estevas e pinhais, qual erva daninha que invade lentamente os terrenos impedindo que outras ervas proliferem, teve até há poucos anos uma importância crucial na economia doméstica.
Com giestas se faziam as vassouras com que se varria a casa. A giesta verde era cortada, depois unida como se de um ramo de flores se tratasse, atada na ponta e por fim aparada. Estava pronta para ser uma aliada da mulher nas tarefas da casa, enquanto se mantivesse viçosa. Depois de oito a dez dias, já meia seca, era substituída por outra.
Mas a giesta servia, também, para cobrir os pequenos canteiros de legumes que se semeavam no Inverno, protegendo-os nas noites mais frias. Falamos do cebolo, pimentos, tomates, etc, plantas resistentes mas, ainda assim, a necessitarem de protecção.
Quando chegava a Primavera e se anunciava a Páscoa era ver a criançada subir o monte e cortar a giesta florida. Para quê? Para atapetar os pátios  e caminhos por onde havia de passar o compasso pascal. Não havendo outro recurso, nem outra flor em abundância, as populações recorriam à giesta  e com ela perfumavam os caminhos e escondiam as estrumeiras sempre presentes junto às casas.
Hoje, ao olhar para estas plantas singelas sinto essa nostalgia, porque também eu em criança me envolvi nessa tarefa pascal.
E assim, esta planta, que durante séculos marcou os ritmos do quotidiano da minha aldeia , hoje não serve para nada.
Será que não serve?

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