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Surpreendam-se no Cor de Tangerina

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  Conheço este espaço quase desde a sua abertura, há cerca de 19 anos, quando ía de Braga a Guimarães propositadamente para comprar pão biológico de fermentação longa, que o Álvaro Dinis, filho de padeiro, fazia como ninguém.   De caminho trazia mais alguns produtos de uma loja de comércio justo que existia por baixo do restaurante. Na altura estava a iniciar-me na cozinha macrobiótica e ter um pão de qualidade em casa era algo que me parecia muito importante. E como era o único restaurante vegetariano de Guimarães, sempre que ía àquela cidade e precisava de almoçar ou jantar era ali que me deleitava. Os sabores eram sempre novos e surpreendentes. Entretanto conheci a Liliana e o Álvaro Dinis e percebi que pessoas especiais fazem os lugares especiais… O restaurante tem nome estranho, mas que agora me faz todo o sentido porque sei que não há quintal minhoto sem um citrino (laranjeira, tangerineira ou limoeiro). Estando instalado numa casa que tem 300 anos, e que se este...

A rosca do Minho

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  Hoje, Domingo, logo pela manhã, saí à rua e cruzei-me com um homem que vinha da padaria com uma rosca debaixo do braço. Em Braga esta é uma realidade domingueira. Todos os Domingos as padarias da cidade só cozem e vendem rosca. E quem diz em Braga, diz em muitos concelhos minhotos, onde a produção de rosca, ou regueifa, assim designada junto aos rios Ave, Sousa e Tâmega, está presente no quotidiano da população desde os tempos medievos. É claro que são excepção as padarias dos supermercados, onde outros pães se vendem e a rosca nem sequer está presente, mas nas padarias impera o pão tradicional. Quem não é do Minho, como eu, ainda se surpreende com esta tradição alimentar. Nos primeiros tempos arriscava-me a perguntar se não havia outro pão, mas cedo percebi que por aqui é este que fala mais alto.  O que é uma rosca? A rosca é um pão branco feito da flor da farinha de trigo, bem peneirada, que se faz em forma arredondada ou, como nos dizia Raphael Bluteau, no século X...

Vai um copo de... vinho verde?

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Caneca e malga de vinho verde.   São João de Braga, 2024 Estamos a terminar o tempos das vindimas! Tenho ainda na memória o cheiro a mosto e a vinho novo, que manava dos lagares quando percorria as ruas da minha aldeia. lembro-me também do apanhar dos bagos, tarefa que sobrava sempre para as crianças e que vinha acompanhada daquela velha história - uma vez um homem fez uma pipa e vinho só com bagos... - e nós, os mais pequenos, lá tinhamos que curvar as costas. A azáfama dos tempos passados, hoje, é mais suave. No Minho as vinhas são mais baixas e já escasseiam as latadas, uveiras e árvores de vinho que povoaram todo o Entre Douro e Minho até aos inícios do século XXI; os tractores substituíram os carros de bois e os cestos são agora de plástico e muito mais leves. Também já são poucos os que fazem o vinho no seu próprio lagar, preferindo a entrega das uvas na cooperativa. E será que ainda se apanham os bagos que caem ao chão? Mas, tal como no passado, o vinho continua a estar na...